061/365 - Wabi-sabi: A Beleza no Imperfeito!

 


Bem-vindos!

A busca pela perfeição é uma constante na nossa sociedade e muitas vezes, acabamos por nos esquecermos da beleza que existe na imperfeição. É neste contexto que surge o "Wabi-sabi", uma filosofia japonesa que celebra as imperfeições e valoriza a simplicidade e a naturalidade das coisas.

Exploraremos a sua importância e como nos pode ajudar a mudar a perspectiva sobre a beleza e aceitação pessoal, a origem do termo, os principais mestres e, principalmente, como podemos aplicar estes princípios na nossa vida diária. Afinal, a beleza pode ser encontrada em todas as coisas, mesmo naquelas que consideramos imperfeitas.

"Wabi-sabi" é uma filosofia que celebra a beleza na imperfeição, simplicidade e transitoriedade das coisas, tem raízes no budismo zen e tem sido aplicada na arte, arquitetura, culinária e moda. Influencia diversos aspetos da vida, desde a forma de apreciar a natureza até à construção de templos e jardins, esta abordagem valoriza o tempo e o espaço, a aceitação do ciclo natural da vida e a importância do presente.

A origem do termo "Wabi-sabi" remonta ao século XVI, quando o chá se tornou uma cerimónia popular no Japão. O fundador da cerimónia, Sen no Rikyu, acreditava que a simplicidade e a humildade eram essenciais para a sua prática, ele incorporou a filosofia, tornando-se num dos maiores divulgadores desta abordagem. Este termo, nasce da conjugação da palavra "wabi", do antigo conceito de "wabishii" e que significa solitário, simples e desapegado e, da palavra "sabi" que vem de "sabishi" e significa velho, envelhecido e desgastado. A combinação destas palavras resulta numa ideia de beleza encontrada na simplicidade e na imperfeição das coisas.

Os mestres do "Wabi-sabi" são considerados verdadeiros tesouros na história da filosofia e arte japonesas, foram responsáveis por desenvolver e aprimorar esta filosofia ao longo do tempo, influenciando não apenas a cultura e a sociedade japonesas, mas também o mundo ocidental.

Um dos mais famosos é Sen no Rikyu, considerado o fundador da cerimónia do chá. Viveu no século XVI e foi um grande apreciador da simplicidade e da harmonia na vida. Rikyu ensinou que a cerimónia do chá é uma oportunidade para os participantes apreciarem a beleza da simplicidade e do minimalismo, e que o "Wabi-sabi" é um elemento fundamental dessa arte.

Soetsu Yanagi, que viveu no século XX, é conhecido como fundador do movimento "Mingei", que valorizava as artes populares e o artesanato. Yanagi acreditava que a beleza não deveria estar limitada aos objetos de arte elaborados e caros, mas sim estar presente em objetos simples e quotidianos. Para ele, a imperfeição era uma característica desejável em objetos artesanais, pois isso mostrava a mão humana na criação das peças.

Há também a figura de Leonard Koren, autor do livro "Wabi-Sabi: for Artists, Designers, Poets & Philosophers", publicado em 1994. Koren é um designer e escritor americano que popularizou o conceito de "Wabi-sabi" no mundo ocidental, mostrando como esta filosofia pode ser aplicada em diversas áreas, desde a arte e o design até a vida do dia-a-dia.

Estes mestres, entre outros, ajudaram a disseminar a filosofia do "Wabi-sabi" e a torná-la num elemento essencial da cultura japonesa e ocidental, influenciando a forma como vemos a beleza e a imperfeição em todos os aspectos da vida.

O que significa realmente celebrar a beleza no imperfeito e na impermanência? Significa valorizar as coisas que são imperfeitas, inacabadas e efêmeras, como parte natural da vida e devem ser apreciadas pela sua singularidade. Um vaso de flores murchas, por exemplo, é tão bonito quanto um vaso de flores recém-colhidas, pois ambas as formas são únicas e têm a sua própria beleza.

Esta perspectiva ajuda-nos a reformular a nossa visão sobre o que é considerado feio. No mundo ocidental, somos obcecados pela simetria e perfeição, e é difícil não desejarmos esconder as nossas imperfeições, como uma cicatriz, linhas de expressão, sardas ou cabelos grisalhos. No entanto, esta busca pela perfeição é ilusória, pois a perfeição inevitavelmente desaparece com o tempo.

Somos convidados a aceitarmos as nossas imperfeições e apreciarmos a singularidade e beleza em todas as coisas, incluindo nós mesmos. Ao caminharmos no meio à natureza, podemos observar a imperfeição e beleza das coisas efêmeras, como as folhas caídas no chão, que são uma parte natural do ciclo da vida. Ao permitirmo-nos aceitar as nossas próprias imperfeições e celebrá-las como parte da nossa singularidade, podemos mudar a nossa perspectiva sobre a beleza e encontrarmos uma nova forma de nos amarmos e nos aceitarmos.

Esta prática, é por isso, uma forma de mudarmos a nossa perspectiva sobre a beleza e a aceitação pessoal. Algumas sugestões para incorporar esta filosofia nas nossas vidas diárias incluem observar a natureza e as suas imperfeições, pararmos de nos compararmos com os outros e reconhecer que cada pessoa tem a sua própria jornada e as suas próprias imperfeições.

A autoaceitação é fundamental para praticar o "Wabi-sabi". Amarmo-nos completamente, com todas as nossas cicatrizes, rugas e cabelos grisalhos. Não nos devemos sentir pressionados a atender aos padrões de beleza impostos pela sociedade, mas sim abraçar as nossas diferenças e imperfeições.

Em suma, o "Wabi-sabi" é uma filosofia que celebra as imperfeições da vida e ajuda-nos a reformular a nossa visão sobre o que é considerado feio. Os mestres tiveram uma influência significativa na cultura e na arte, e a sua sabedoria ainda é relevante nos dias de hoje. Ao praticarmos, podemos aprender a apreciarmos as nossas próprias imperfeições e aceitá-las com amor e compaixão. Lembramos que a sabedoria não requer perfeição, mas sim a aceitação dos nossos defeitos, virtudes, feridas e medos.

É importante observarmos a natureza, pararmos de nos compararmos com os outros e praticarmos a autoaceitação para incorporar o "Wabi-sabi" nas nossas vidas diárias. Lembrem-se de se amarem completamente com todas as imperfeições e feridas.

Namaste! 🙏

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